A Teologia Mística Revelada: Conheça o Caminho para a Unidade com Deus
Table of Contents:
- Introdução
- O Conceito de Teologia Mística
- A Relação de Deus com o Mundo
- A Transcendência de Deus
- A Natureza da Oração Contemplativa
- O Caminho do Desconhecimento
- A Unidade com Deus
- A Alegria Divina
- A Prática da Oração Contemplativa
- O Chamado para a Vida Mística
Introdução
Neste artigo, exploraremos o conceito de Teologia Mística e sua importância na busca de uma união íntima com Deus. A Teologia Mística é uma abordagem da fé que transcende o simples conhecimento intelectual e busca uma experiência direta e pessoal com o divino. Veremos como essa forma de oração contemplativa nos permite ir além do mundo visível e adentrar a escuridão divina, onde a presença de Deus se revela de maneira incompreensível. Através da renúncia do conhecimento e do abandono de todas as coisas, podemos encontrar a verdadeira comunhão com o Criador e experimentar a alegria divina que transcende todo entendimento humano.
O Conceito de Teologia Mística
A Teologia Mística é uma abordagem da teologia que busca uma compreensão direta e íntima de Deus, indo além do conhecimento intelectual e das palavras. Ela se baseia na ideia de que Deus está além de toda concepção e não pode ser limitado pelas categorias e convenções humanas. É uma busca pela união direta com o divino, através do plano da disregulação.
A Relação de Deus com o Mundo
Em um sentido, Deus é revelado no mundo, especialmente através da humanidade divina de Jesus Cristo, das faculdades e virtudes da alma humana e da beleza e poder do universo natural. Por outro lado, Deus é infinitamente maior que o mundo e difere dele de forma tão profunda e absoluta que nenhuma imagem ou forma criatural pode dar uma verdadeira ideia de sua grandeza, de sua santidade e de seu ser essencial. Deus se revela a nós e ainda assim permanece infinitamente misterioso.
A Transcendência de Deus
Deus é algo semelhante às coisas que conhecemos, como um Pai, como a humanidade de Jesus, mas, em si mesmo, ele é completamente diferente das coisas que conhecemos e experimentamos. Ele é tão diferente, muito mais diferente, do mundo do que a cor é diferente da forma. Um círculo é diferente de um quadrado, uma forma bonita de uma forma feia, apenas em grau. Mas a cor vermelha é diferente da forma circular em espécie, e como nenhuma cor pode ser descrita em termos de forma, o Ser essencial de Deus não pode ser descrito em termos de qualquer coisa criada. Podemos ter uma ideia menos verdadeira da essência de Deus do que um homem cego de nascença pode ter uma imagem verdadeira de um nascer do sol radiante.
A Natureza da Oração Contemplativa
A Teologia Mística de Dionísio, o Areopagita, baseia-se no princípio da transcendência de Deus. Deus, como o Criador de todas as coisas, de todas as virtudes, de todas as ideias, é preeminente maior e diferente do que ele fez, e para conhecer a Deus, é preciso buscá-lo em última instância em um reino além de todos os tipos de conhecimento comum, seja ele conhecimento dos sentidos, da mente ou dos sentimentos. Porque Deus, que é o Autor dos sentidos, da mente e dos sentimentos, não pode ser tocado, conhecido ou sentido. Tudo o que pode ser tocado, conhecido ou sentido é uma criatura e não Deus. Deus e sua criação são absolutamente inconciliáveis, de alguma forma como forma e cor. À primeira vista, pode parecer que entre Deus como Ele é em Si mesmo e Sua criação há um abismo intransponível e que para conhecer Deus como Ele é, não devemos apenas deixar de procurar informação do conhecimento comum, mas até nos livrarmos do conhecimento comum. Algumas pessoas tentaram entender Dionísio dessa maneira, como se ele nos aconselhasse a buscar a Deus através da extinção violenta da atividade dos sentidos e do intelecto, como se Deus e o mundo não fossem apenas inconciliáveis, mas radicalmente incompatíveis. De acordo com essa visão, o conhecimento de Deus e o conhecimento do mundo não podem existir juntos; para conhecer a Deus, devemos apagar toda consciência das criaturas.
No entanto, essa é uma interpretação totalmente falsa de sua teologia. Em nenhum lugar ele ensina a heresia gnóstica de que Deus e sua criação são incompatíveis; pois todo o tema dos Nomes Divinos é a compatibilidade entre os dois. A analogia entre cor e forma nos ajudará novamente a esclarecer suas ideias, pois cor e forma certamente não são incompatíveis, exceto no sentido de que uma forma feia é incompatível com uma cor bonita. Assim, o mundo é incompatível com Deus apenas como deformado pelo pecado. Mas, precisamente porque a forma e a cor são incompatíveis, elas podem se unir perfeitamente. Nunca podemos unir perfeitamente um quadrado e um círculo, e da mesma forma não pode haver união perfeita de Deus e do homem se Deus pertencesse à mesma ordem de ser que o homem, se Ele fosse maior do que o homem apenas em grau. Mas assim como pode haver uma união perfeita entre a cor vermelha e um círculo, Deus e o mundo podem estar unidos sem conflito, permanecendo essencialmente diferentes. Portanto, a transcendência de Deus, longe de removê-Lo do mundo, é exatamente o que torna possível que Ele esteja intimamente presente nele, sem qualquer perda de Sua supremacia absoluta e santidade.
A prática da oração contemplativa
O Cego e o Pintor
Todos os homens buscam a Deus, mesmo que não saibam disso. Eles o buscam cegamente como riqueza, poder ou felicidade material; indo além disso, eles o buscam no cumprimento estrito de uma lei moral, em algum sentimento de elevação espiritual ou alguma sensação de uma poderosa presença. Mas todas essas coisas, Dionísio mostra ser criaturas de Deus e não o próprio Deus. Aqueles chamados para os estágios mais elevados da vida espiritual devem passar além delas, deixando de lado tudo o que pode ser conhecido ou sentido, dizendo "Isto ainda não é Deus". Mas isso não significa que o contemplativo deve cessar totalmente de conhecer e sentir da maneira comum; significa que ele deve parar de identificar qualquer coisa que ele conheça ou sinta com Deus. Ele continua com seu trabalho diário e com seus deveres cristãos normais, mas tenta manter em todos os momentos uma fé amorosa na presença imediata do Deus a quem ele não pode sentir, ver ou conhecer. Ele caminha por uma escuridão tanto em relação à sua compreensão de Deus, sabendo Deus como Aquilo que ele não conhece, como um mistério glorioso. Isso não é apenas agnosticismo, pois a Realidade Inconhecível dos agnósticos não é um objeto de fé e amor. O mistério, para o agnóstico, é apenas a ausência de conhecimento, mas para o contemplativo, ele tem um tremendo poder atrativo. Ele o atrai para si como um vácuo, e ele se estende para dentro desse vazio na simples fé de que é um vazio apenas para suas faculdades humanas e, na realidade, está cheio do Deus vivo.
A Unidade com Deus
A partir desse ponto de vista, o contemplativo começa a ter uma verdadeira consciência de Deus, não procurando-O como ainda outra forma de experiência, mas aceitando Sua presença como dada como uma cor invisível em cada forma de experiência. Ele pode então dedicar-se de todo coração ao seu trabalho na fé amorosa de que Deus está tão presente com ele quanto o momento presente; ele pode estar pensando em eventos passados ou futuros, mas nunca pode escapar do presente momento, que o carrega consigo mesmo mesmo quando seus pensamentos não estão imediatamente preocupados com ele. Deus está conosco e nos leva adiante em nossas vidas da mesma maneira; como é dito no Salmo 139: Para onde irei em Teu Espírito? Ou para onde fugirei da Tua presença? Se eu subir aos céus, Tu lá estás: se eu fizer minha cama no inferno, eis que Tu estás lá. Se eu tomar as asas da aurora e morar nas extremidades do mar, mesmo ali a Tua mão me conduzirá, e a Tua mão direita me sustentará. Se eu disser: Certamente as trevas me encobrirão, até a noite resplandecerá sobre mim. Sim, as trevas não estão escondidas de Ti; mas a noite brilha como o dia: as trevas e a luz são ambas iguais para Ti. "A noite brilha como o dia." Essa é a aparente contradição paradoxal em que Dionísio adora profundamente, pois ele fala do estado contemplativo como a "escuridão divina", uma escuridão do espírito que os místicos cristãos sempre associaram àquele grito misterioso da Cruz: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" Essa escuridão é o clímax da Via Purgativa, que é menos um estágio preliminar da vida mística a ser transposto e deixado para trás do que a constante e condição primária da oração mística. Estamos sempre na Via Purgativa, e nesta vida nunca superamos a necessidade tanto do perdão dos pecados quanto da purificação de nosso conhecimento de Deus.
A Prática da Oração Contemplativa
A contemplação é a mais alta forma de oração, na qual a alma se aproxima da essência divina de Deus em uma escuridão divina que não pode ser penetrada pelos sentidos, pelo pensamento ou pelo sentimento. O poder de superar nossas próprias faculdades de percepção na abordagem de Deus é dado apenas àqueles a quem Deus chama. Embora possuir essa vocação não seja necessariamente um sinal de grande santidade, a própria natureza do trabalho contemplativo exige dedicação completa de si mesmo a Deus, na qual consiste a santidade. Outras pessoas que não têm essa vocação e sabem pouco ou nada de oração mística podem chegar a uma santidade tão grande quanto a do místico em uma vida puramente ativa de serviço e caridade. Não podemos dizer quantas almas são chamadas para o trabalho contemplativo, mas nem todas as almas são chamadas, por isso aqueles que são capazes de usar essa ordem de oração não devem desprezar ou menosprezar os outros e mais comuns formas de oração, ou se considerar mais santos do que aqueles que não podem usá-la. Pois os caminhos de Deus são tantos quanto as vidas dos homens.
A Alegria Divina
A escuridão divina pode parecer um objetivo negativo e sombrio apenas quando falta fé na realidade objetiva, embora invisível, de um Deus que surgiria misteriosamente dessa escuridão e inflamaria o místico com sua própria vida criativa. Desligados das ansiedades e preocupações do mundo, seu espírito interior é tão jubiloso como um pássaro voando e circulando na vastidão do céu. Mas seu céu não está muito acima deles no espaço, tampouco a terra firme lhe dá algum limite para baixo, pois aqueles que têm fé no Deus onipresente e inescapável encontram o céu na terra, e, na noite escura da alma e na morte para o eu, luz perpétua e vida eterna.