A Teoria do Comando Divino: uma visão crítica e alternativas (Português)
Tabela de Conteúdos
- Introdução
- A teoria do comando divino
- 2.1. O que é a teoria do comando divino
- 2.2. Os benefícios da teoria do comando divino
- 2.3. A crítica de Platão: o problema de Eutrifro
- Os dilemas da teoria do comando divino
- 3.1. A primeira ponta do dilema de Sócrates
- 3.2. A segunda ponta do dilema de Sócrates
- 3.3. Os problemas da teoria do comando divino
- Os desafios de seguir os comandos divinos
- 4.1. A questão da seletividade
- 4.2. A autoridade humana na interpretação dos comandos divinos
- 4.3. Limitações da teoria do comando divino
- Alternativas à teoria do comando divino
- 5.1. Teorias éticas teístas
- 5.2. Outras teorias éticas
- Conclusão
📜 A Teoria do Comando Divino e seus Dilemas
A teoria do comando divino é uma das teorias éticas mais antigas e amplamente aceitas no mundo. Ela afirma que a moralidade é determinada pelos comandos divinos, seja pelo Deus judaico-cristão, por alguma outra divindade ou por um grupo de deuses. Segundo essa teoria, o que é moralmente certo ou errado é comandado pela divindade, e a moralidade emana desses comandos.
2. A Teoria do Comando Divino
2.1. O que é a teoria do comando divino
A teoria do comando divino baseia-se na crença de que o que é moralmente correto é determinado exclusivamente pelos comandos divinos. Para aqueles que acreditam que Deus é o criador de tudo, é razoável supor que Ele também criaria um manual divino de moralidade, uma espécie de guia para a conduta humana. Muitas pessoas consideram que, para a moralidade ser vinculativa para todos, ela deve ter sua origem em Deus.
2.2. Os benefícios da teoria do comando divino
A teoria do comando divino oferece benefícios significativos. Um deles é a simplicidade. A pergunta "Como eu sei o que fazer?" tem uma resposta fácil: vá perguntar a Deus e consulte o manual de regras. Além disso, essa teoria resolve o problema da fundamentação ética, fornecendo a base de Deus. Com a teoria do comando divino, Deus se torna o alicerce da ética.
2.3. A crítica de Platão: o problema de Eutrifro
No entanto, como mencionado nas escrituras da Bíblia, existem muitas coisas que consideramos aceitáveis, mas que são expressamente proibidas por certos manuais de regras, como a mistura de tecidos de lã e linho. Isso levanta questões sobre a seletividade na interpretação dos comandos divinos. Por exemplo, muitos cristãos consideram os Dez Mandamentos do Antigo Testamento ainda vinculantes, enquanto descartam outras proibições. Essa seleção é arbitrária? Por que algumas regras seriam obrigatórias e outras não?
Platão, em seu diálogo "Eutrifro", apresenta um problema devastador para a teoria do comando divino. Sócrates questiona se as ações corretas são corretas porque Deus as comanda, ou Deus as comanda porque são corretas. Esses dois cenários são bastante diferentes e apresentam um verdadeiro dilema. Aceitar a primeira opção implica afirmar que qualquer comando de Deus é certo, mesmo que pareça cruel ou errado. No entanto, isso torna a moralidade arbitrária e vazia de significado. Por outro lado, aceitar a segunda opção significa que existe um padrão de bondade que está acima de Deus, o que parece contradizer a crença de que Deus é o criador de tudo.
🤔 Os dilemas da teoria do comando divino
3. Os dilemas apresentados por Sócrates
3.1. A primeira ponta do dilema de Sócrates
Aceitar a primeira ponta do dilema de Sócrates implica que as ações corretas são corretas porque Deus as comanda. Isso significa que a única razão pela qual algo é considerado bom é porque Deus o ordena. Consequentemente, a bondade é meramente o resultado do comando divino. No entanto, essa visão torna a bondade vazia de significado, pois estabelece que "Deus comanda o que Ele comanda". Isso sugere que não há um critério objetivo para determinar o que é moralmente bom.
3.2. A segunda ponta do dilema de Sócrates
Aceitar a segunda ponta do dilema de Sócrates implica que Deus comanda coisas porque elas são boas em si mesmas. Nesse caso, Deus não é mais a fonte última da moralidade, pois a bondade existe independentemente dele. Isso parece questionar a onipotência de Deus, já que algo fora de sua vontade é a fonte da bondade. Além disso, se existem padrões éticos externos a Deus que o limitam em seus comandos, por que não podemos acessar diretamente essa fonte de moralidade e determinar a ética por nós mesmos?
3.3. Os problemas da teoria do comando divino
O dilema de Sócrates é apenas um dos muitos problemas apresentados pela teoria do comando divino. Outra questão importante é: como sabemos quais são os comandos de Deus? A interpretação humana das escrituras religiosas pode levar a diferentes conclusões, e muitos dos comandos explícitos, como sobre tecidos e adornos, não são considerados obrigatórios pelos crentes.
Essas dificuldades mostram que a teoria do comando divino não oferece respostas satisfatórias para questões éticas complexas. Necessitamos de uma teoria ética que possa lidar com os dilemas apresentados e fornecer uma base sólida para a moralidade."""
Highlights:
- A teoria do comando divino é amplamente aceita e defende que a moralidade é determinada pelos comandos divinos.
- A teoria do comando divino oferece simplicidade na determinação do que é moralmente correto.
- Platão apresentou o dilema de Eutrifro, questionando se as ações são corretas pelo comando divino ou se Deus as comanda porque são corretas.
- O dilema de Sócrates coloca em questão a moralidade arbitrária ou a existência de um padrão de bondade acima de Deus.
- A teoria do comando divino enfrenta desafios na seleção dos comandos divinos e na interpretação das escrituras religiosas.
- Alternativas à teoria do comando divino serão exploradas na próxima seção.
Perguntas frequentes:
Q: Quais são os benefícios da teoria do comando divino?
A: A teoria do comando divino oferece simplicidade na determinação da moralidade e resolve o problema da fundamentação ética.
Q: Por que Platão questionou a teoria do comando divino?
A: Platão levantou o dilema de Eutrifro para mostrar os problemas de considerar a moralidade arbitrária ou depender de um padrão de bondade fora de Deus.
Q: Como a teoria do comando divino lida com a interpretação dos comandos divinos?
A: A teoria do comando divino enfrenta a questão da seletividade e da autoridade humana na interpretação dos comandos divinos.
Q: Existem alternativas à teoria do comando divino?
A: Sim, serão exploradas alternativas teístas na próxima seção.