O Que os MANUSCRITOS DO MAR MORTO nos Contam Sobre a HISTÓRIA do Texto Bíblico
Título: A Questão dos Filhos de Deus em Deuteronômio 32:8
Sumário:
- Introdução
- O contexto de Gênesis 11:1-9
- A referência a Gênesis 10:1-32
- Deuteronômio 32:8-9 e o evento de Babel
- Diferenças nas traduções
- A toma de decisão da ESV
- Sons de Deus ou Filhos de Israel?
- A evidência dos Manuscritos do Mar Morto
- O debate em torno da alteração textual
- Conclusão
Introdução
O livro bíblico de Deuteronômio apresenta uma tábua poética conhecida como o "Cântico de Moisés", encontrada no capítulo 32. Um versículo específico deste cântico, o verso 8, tem sido objeto de discussão entre estudiosos e tradutores de diferentes versões da Bíblia. A controvérsia está relacionada à escolha entre traduzir "filhos de Deus" ou "filhos de Israel". Neste artigo, examinaremos a questão em torno de Deuteronômio 32:8 e exploraremos as evidências e argumentos relacionados ao texto.
O contexto de Gênesis 11:1-9
Antes de analisarmos Deuteronômio 32:8, é importante entender o contexto dos eventos mencionados no verso. A referência em questão remete ao relato de Gênesis 11:1-9, conhecido como a Torre de Babel. Neste episódio, a humanidade é dividida e as línguas são confundidas como punição pela arrogância e desobediência do povo. Essa divisão resulta na formação de diferentes nações, como é descrito no capítulo anterior de Gênesis, o capítulo 10, conhecido como a "Tábua das Nações".
A referência a Gênesis 10:1-32
Ao mencionar que "O Altíssimo deu às nações sua herança, quando separou os filhos dos homens, ele fixou os limites dos povos", Deuteronômio 32:8 está fazendo uma alusão direta aos eventos de Gênesis 11:1-9. A ideia apresentada é que Deus determinou os limites e fronteiras das nações conforme o número dos "filhos de Deus" ou "filhos de Israel". Esta referência destaca o fato de que, após a divisão causada por Babel, Deus chamou Abraão e estabeleceu uma nova nação, os israelitas, como seu povo escolhido.
Diferenças nas traduções
Ao examinar diferentes traduções da Bíblia em inglês, observamos uma variação significativa na maneira como Deuteronômio 32:8 é traduzido. A tradução ESV (English Standard Version) opta por "filhos de Deus", enquanto versões mais antigas, como a King James, geralmente usam "filhos de Israel". Essa divergência ocorre porque a tradução baseia-se no texto hebraico tradicional, conhecido como Texto Massorético. No entanto, os Manuscritos do Mar Morto, datados de um período anterior, apresentam a leitura "filhos de Deus".
A toma de decisão da ESV
A ESV fez uma escolha ousada ao optar por utilizar a leitura encontrada nos Manuscritos do Mar Morto em Deuteronômio 32:8. Essa decisão busca trazer uma maior fidelidade ao texto mais antigo e histórico disponível, reconhecendo que a leitura tradicional do Texto Massorético pode ter sido alterada ao longo do tempo. Ao inserir "filhos de Deus" no texto, a ESV coloca uma nota de rodapé explicando essa escolha e fornecendo uma justificativa para divergir das traduções antigas.
Sons de Deus ou Filhos de Israel?
A pergunta que surge é: quais são as evidências para justificar a escolha entre "filhos de Deus" e "filhos de Israel"? A resposta reside principalmente na comparação entre o Texto Massorético e os Manuscritos do Mar Morto. Enquanto a leitura tradicional aponta para "filhos de Israel", os manuscritos mais antigos e confiáveis apresentam claramente "filhos de Deus". Essa diferença pode ser atribuída a uma alteração feita em algum momento entre o períodos intertestamentário e o da padronização do texto em 100 d.C.
A evidência dos Manuscritos do Mar Morto
Os Manuscritos do Mar Morto são uma descoberta arqueológica significativa que trouxe à luz uma grande quantidade de textos bíblicos antigos. Entre esses manuscritos, encontra-se um exemplar do livro de Deuteronômio que confirma a leitura "filhos de Deus" em Deuteronômio 32:8. A evidência dos Manuscritos do Mar Morto é considerada altamente confiável e válida para respaldar essa leitura alternativa.
O debate em torno da alteração textual
A escolha entre "filhos de Deus" e "filhos de Israel" continua sendo um tema debatido entre estudiosos bíblicos. Aqueles que defendem a leitura tradicional argumentam que as evidências dos Manuscritos do Mar Morto podem simplesmente refletir uma variação regional ou até mesmo uma modificação proposital por parte dos escribas que preservavam o texto. Por outro lado, os defensores da leitura "filhos de Deus" afirmam que é mais provável que a leitura "filhos de Israel" tenha sido uma alteração posterior e menos autêntica.
Conclusão
Em conclusão, Deuteronômio 32:8 apresenta um desafio tradutório importante em relação à escolha entre "filhos de Deus" e "filhos de Israel". Embora a tradução mais comum use "filhos de Israel", a ESV opta por "filhos de Deus" com base nas evidências dos Manuscritos do Mar Morto. Essa diferença enfatiza a importância de considerar a autenticidade e confiabilidade dos manuscritos mais antigos disponíveis. Com base em tais evidências, é plausível argumentar que a leitura "filhos de Deus" é a mais precisa e fiel ao texto original.